Visão do CEO
A Geração Z do empreendedorismo: quem ocupará os cargos de liderança no futuro?
Assim como a sociedade, o mercado de trabalho está em constante evolução. Sobretudo, considerando os avanços tecnológicos, mudanças culturais e as novas abordagens emergentes no mundo dos negócios. Diante disso, a dinâmica das gerações com o trabalho e suas carreiras também mudou. A ascensão da Geração Z, nascida entre meados dos anos 1990 e o início dos anos 2010, tem trazido à tona uma tendência curiosa: uma maior propensão ao empreendedorismo em comparação com as gerações anteriores.
A Geração Z cresceu em um ambiente profundamente conectado à internet e às redes sociais. Esse grupo se destaca por sua habilidade tecnológica, criatividade e aptidão para executar várias tarefas simultaneamente. Além disso, esses profissionais valorizam a independência, autenticidade e a busca por propósitos significativos em suas carreiras. Essas características podem ser as principais propulsoras para fornecer uma base sólida para empreender.
Esses jovens profissionais cresceram em uma sociedade que valoriza e discute muito mais questões de saúde mental, desenvolvimento pessoal e qualidade de vida. Ao contrário dos babies boomers, por exemplo, a Geração Z está menos interessada em acumular bens ou alcançar grandes cargos em empresas. O foco está no equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, além da preferência por empregos que garantem maior aprendizado e desenvolvimento.
Uma pesquisa realizada recentemente pela edtech Cubos Academy reúne alguns dados bem relevantes. A amostragem que reúne impressões de pessoas entre 25 e 30 anos demonstra que embora a área de tecnologia ganhe destaque por ser uma das mais promissoras no aspecto financeiro e de escalonamento de cargos, os respondentes do levantamento demonstraram estar mais interessados em outros aspectos.
A maioria dos participantes (58,5%) considera a carreira de TI mais atrativa pela flexibilidade e possibilidade de trabalhar remotamente. Outro dado que chama atenção é o interesse por desenvolver as atividades da área e estar inserido no cenário de inovação nacional (23,8%) e por último, o retorno financeiro e fácil colocação no mercado (14,6%).
Embora a remuneração seja importante, a Geração Z está mais focada em viver boas experiencias e garantir que seus esforços sejam reconhecidos. Além disso, existe a busca por significado e impacto social, uma característica marcante desse grupo. Muitos jovens empreendedores estão focados em criar negócios que abordem problemas reais e gerem um impacto positivo na sociedade.
À medida que a Geração Z continua a trilhar seu caminho empreendedor, é inevitável que isso influencie a paisagem dos cargos de liderança no futuro. Ter menos cargos ocupados por esses jovens no futuro, significa perder uma grande contribuição para o ecossistema das empresas. Isso porque essa geração tende a ter uma abordagem inovadora e fresca para os negócios. E essa mentalidade de pensar fora da caixa é altamente valorizada em posições de liderança, por exemplo.
Uma pesquisa do Sebrae mostrou que os problemas de gestão nas startups estão entre os três principais motivos para essas empresas fecharem as portas. A tendência, é que essa problemática continue em alta. Afinal, quem os CEOs dessas empresas abertas pela Geração Z irão contratar para os cargos de liderança? Se a preferência desse público é empreender, quem é que vai fazer carreira nas empresas e ocupar os cargos de gerência?
Para garantir que os negócios não sofram com um largo gap de cargos de liderança no futuro, será necessário reformular os conceitos de gerenciamento de equipes que conhecemos hoje. A relação de subordinação, controle absoluto e regimes de trabalho pouco flexíveis não combinam com a Geração Z.