Visão do CEO
Ano da eficiência: é hora de deixar o quiet quitting de lado e focar em performance
No último ano, o termo quiet quitting passou a tomar conta dos feeds do LinkedIn e outras redes sociais. A demissão silenciosa, tradução literal para o português, passou a ser um comportamento comum no mundo todo. Para mensurar o nível de engajamento dos trabalhadores brasileiros e a taxa de adesão ao movimento que defende a execução apenas do estritamente necessário, desenvolvemos na EDC Group uma pesquisa para mapear esses comportamentos. A metodologia demonstrou que somente 12% dos respondentes defendem a conduta, o que pode ser explicado pela instabilidade e desafios econômicos que fazem parte da dinâmica financeira do País.
Recentemente, os bancos SVB, Silvergate e Signature implodiram. A quebra do SVB gerou uma grande onda de incertezas no mercado e diversos investidores já se questionam sobre quais serão as próximas instituições financeiras que devem trilhar o mesmo caminho. Dentro desse cenário de instabilidade, é provável que grandes companhias enxuguem gastos e que uma nova onda de demissões ocorra. Sobretudo, considerando a alta nas ações da gigante Meta, que após o anúncio do CEO Mark Zuckerberg, sobre planos de corte e congelamento de contratações, viu suas ações saltarem em 7,3%, o que consiste na maior alta da empresa no mercado financeiros nos últimos 8 meses.
Essa conduta conservadora dos empresários está sendo aplaudida pelo mercado financeiro, justamente por esses especialistas defenderem a adoção de medidas cautelosas num período propenso a uma grande recessão. De tempos em tempos, o mercado precisa “se regular” e, com isso, é importante que os trabalhadores entendam que não é o momento de aderir ao quiet quitting. Afinal, em tempos de turbulência, é necessário que os funcionários estejam vigilantes e se esforcem para garantir a segurança dos seus empregos.
Para os brasileiros, comumente menos adeptos aos comportamentos que compõem a demissão silenciosa, pouca coisa muda. Assim como em outros países onde as instabilidades econômicas são mais recorrentes e a oferta de trabalho bem menor em relação a procura, os funcionários valorizam mais as posições que ocupam, justamente por compreenderem que existe uma quantidade bem menor de vagas disponíveis em comparação com grandes economias, como nos EUA. De acordo com o estudo divulgado pela Gallup no ano passado, cerca da metade dos trabalhadores norte-americanos eram descritos como “quiet quitters”.
Entretanto, essa conduta da força de trabalho estadunidense está em rota de mudança. A tendência é que os funcionários compreendam o momento de desaceleração do país, que deve inclusive impactar toda a economia global. Agora, é hora de pisar cautelosamente no freio, posicionar-se como uma pessoa proativa e construir uma boa reputação com as lideranças e os principais funcionários da empresa. É necessário dedicar tempo e esforço para permanecer empregado. Esse é o ano da eficiência.
Assim como há poucos meses estávamos discutindo os impactos que a ampla difusão do quiet quitting poderia exercer nas empresas, agora, estamos fazendo o movimento contrário e observando os novos comportamentos dos trabalhadores que devem estar alinhados com a fase econômica que estamos entrando. Embora o momento expire cautela, vale ressaltar que a economia é cíclica, não existe mal ou bem que dure para sempre. O segredo do sucesso empresarial e pessoal, está no preparo para manter o equilíbrio em momentos desafiadores.