Visão do CEO
3 formas de ter um modelo de trabalho presencial bem-sucedido
Daniel Machado de Campos Neto
Nos últimos meses, estamos observamos um grande movimento de retorno das empresas aos escritórios. Com diversas opiniões divergentes e um alto volume de posts no LinkedIn sobre a pauta, a volta do modelo presencial e até mesmo a exigência de um modelo de trabalho híbrido pouco flexível tem frustrado inúmeros colaboradores.
Esse movimento traz consigo uma série de considerações importantes para os gestores de Recursos Humanos, uma vez que o bem-estar e a satisfação dos trabalhadores são elementos fundamentais para o sucesso e a produtividade organizacional. Diante disso, precisamos compreender as razões que impulsionam esse retorno e, sobretudo, discutirmos técnicas para manter o engajamento e a satisfação dos profissionais em meio a essas mudanças.
O contexto do retorno
Desde o início da pandemia, o trabalho remoto tornou-se uma realidade para muitas organizações, e muitas equipes adaptaram-se à essa nova forma de operar. No entanto, à medida que as restrições diminuíram ou cessaram complementarmente, muitas empresas estão optando por uma transição de volta ao modelo presencial, seja de forma integral ou híbrida.
Um dos principais motivos que embasam esse retorno é a queda na produtividade que algumas empresas passaram a experienciar. Além disso, outros pontos importantes estão sendo levantados pelas altas lideranças enquanto problemáticas originarias do modelo de trabalho remoto, como a falta da difusão da cultura organizacional, baixa interação entre os times e pouco ou nenhum senso de pertencimento a empresa.
Para solucionar essas problemáticas que geram importantes gargalos para as empresas, o retorno integral aos escritórios ou a exigência de maior recorrência do modelo presencial nas companhias durante a semana tornaram-se realidade para diversos negócios. Entretanto, a mudança abrupta não tem sido encarada com bons olhos pelos colaboradores.
Desafios e considerações
A maioria dos colaboradores se adaptaram ao conforto e a flexibilidade do trabalho remoto. O retorno ao escritório pode representar um desafio de adaptação, tanto em termos práticos quanto emocionais. De acordo com a pesquisa feita pela Bare International, maior fornecedora independente de dados e análises de experiência do cliente no mundo, mais de 70% dos trabalhadores que atuam no modelo remoto não gostariam de retornar ao trabalho presencial.
Entre os maiores desafios que os empregadores enfrentam com os mandatos de retorno ao escritório é justificar por que estar no escritório é importante se o trabalho não mudou. É isso o que aponta o levantamento feito pelo Gartner, que conclui que imposições para retorno obrigatório aos escritórios podem impactar negativamente a produtividade dos funcionários e até a intenção de ficar no emprego.
Outro insight que espira atenção em relação ao tema é que 48% dos colaboradores entrevistados pelo Gartner acreditam que as políticas dos escritórios priorizam o que os líderes querem, ao invés do que os funcionários precisam. Além disso, mais de 50% dos funcionários escolhem ou escolheriam não ir nenhuma vez ao escritório porque não identificam sentido ou melhoria de produtividade. Diante disso, a imposição para o retorno aos escritórios pode trazer ainda mais problemas relacionados à produtividade, senso de pertencimento e dificuldades na retenção de talentos.
Transparência e flexibilidade
Um dos maiores benefícios do trabalho remoto é a flexibilidade que esse modelo proporciona aos colaboradores em equilibrar suas vidas pessoais e profissionais. O retorno ao escritório pode ameaçar esse equilíbrio, por isso, é importante encontrar maneiras de preservá-lo.
Fomentar a união, senso de pertencimento, produtividade e integração entre os profissionais é indispensável e diante de algumas circunstâncias, o trabalho presencial pode sim ser encarado como uma maneira de solucionar algumas dessas faltas. Entretanto, exigir o retorno integral pode trazer muito mais malefícios do que benefícios.
A solução para essa questão é o equilíbrio. Diante disso, o modelo híbrido, preferencialmente o híbrido flexível que não exige a presença superior a 2 vezes na semana, tende a ser o mais bem visto entre os colaboradores e o mais remediável entre os empregadores.
Ambientes de trabalho mais agradáveis e acolhedores
Para tornar a presença desses funcionários agradável na empresa é preciso compreender que a forma como as pessoas se relacionam com o trabalho mudou. É importante que as companhias ofereçam áreas de descompressão de estresse, flexibilidade de horário, dinâmicas de interação entre os colaboradores, benefícios compatíveis com o mercado e, sobretudo, transparência para explicar os motivos pelos quais as decisões são tomadas pela diretoria, principalmente quando o assunto diz respeito aos trabalhadores, como o retorno aos escritórios.
A comunicação clara e transparente é essencial durante todo o processo de retorno. Os colaboradores devem ser mantidos informados sobre os planos da empresa, os protocolos de segurança e quaisquer mudanças nas políticas de trabalho.
O modelo de trabalho remoto garantiu grandes avanços para o setor de RH. Adicionar marcadores de inclusão diversidade geográfica, por exemplo, tornaram-se infinitamente mais fáceis após a difusão dessa modelo. Além disso, muitas companhias prosperam ao reduzirem altos gastos com infraestrutura e demais investimentos operacionais. O retorno ao modelo presencial de trabalho é um marco significativo na jornada pós-pandemia das empresas.
Entretanto, é indispensável considerar os desafios e oportunidades associados à essa transição e, cabe aos gestores de Recursos Humanos desempenharem um papel crucial na promoção da satisfação dos colaboradores e na construção de um ambiente de trabalho positivo e produtivo para todos.