Visão do CEO

Nomadismo digital: o intercâmbio cultural que une experiências profissionais e pessoais

Por EDC Group | Publicado em 19/12/2022
Whatsapp - Share
Share

Usar a tecnologia para trabalhar e ter a liberdade para se deslocar pelo mundo todo faz parte da realidade dos nômades digitais. Esse novo estilo de vida, que é o sonho de muitos, ganhou ainda mais força com a pandemia, é isso o que demonstra o Relatório Global de Tendências Migratórias da Fragmen. De acordo com o levantamento, mais de 35 milhões de pessoas no mundo já aderiram a essa modalidade de trabalho. Ainda de acordo a pesquisa, a expectativa é que até 2035 cerca de 1 bilhão de trabalhadores adotem essa dinâmica.

No mês passado, abordei no meu artigo os desafios de gerenciar as relações corporativas em meio as diferenças culturais. Afinal, unir em um mesmo squad pessoas de diferentes nacionalidades, culturas e hábitos pode ser conflitante em diversos momentos.

Neste artigo, poderemos enxergar pela ótica de quem realmente pode experienciar os benefícios e os desafios dessa modalidade de trabalho. Conversei com o Flavio Amud Ali Filho, de 33 anos, formado em direito e deixarei o relato dele aqui.

Flavio, assim como a maioria, apenas deslumbrava ganhar um bom salário após a formação. Trabalhando com analista tributário no Brasil, recebeu uma proposta no LinkedIn para trabalhar na Malásia.

“No início, eu até achei que fosse um golpe, mas decidi fazer o teste que o recrutador propôs. Na época, eu não cogitava de forma alguma mudar de país. Com certeza não estava entre as minhas ambições. No entanto, quando eu recebi a proposta, a remuneração era pelo menos três vezes maior do que o salário que eu recebia no Brasil. Não pensei duas vezes e me joguei nessa aventura.

A quase 17 mil km do Brasil, a Malásia é um país caracterizado pelas influências culturais de diversas nacionalidades, reunindo principalmente características chinesas, indianas e europeias. Consequentemente, as culturas organizacionais também dispõem desse mix de culturas de diversos países.

Eu trabalhei por quase três anos na Baker Hughes como analista sênior de impostos LATAM, o escritório ficava bem perto da Tailandia. Foi uma experiência muito rica, afinal, eu estava alocado no setor financeiro global. Fazia parte do meu cotidiano lidar com diferentes culturais num mesmo ambiente, tais como indianos, malaios, chineses, venezuelanos e australianos. Com certeza, o perfil de cada país influencia muito na forma como as pessoas trabalham e eu pude ver isso na prática.

O ritmo de trabalho é um dos principais pontos que divergem, além da relação interpessoal. Então eu pude ir notando os perfis comportamentais de cada nacionalidade. Os indianos e malaios tendem a ter um ritmo bem menos acelerado do que nós sul-americanos. Já os chineses, são completamente workaholics. Eles costumam trabalhar em horários completamente aleatórios, inclusive durante os finais de semana e após o expediente. Além disso, é comum que eles sejam mais incisivos na forma como se comunicam, o que para nós, brasileiros, pode soar bem estranho e até rude às vezes.

Ao todo, fiquei por volta de cinco anos na Malásia e pude conhecer melhor a cultura e as tradições desse país tão diverso. A experiência promovida pela proposta de emprego que inicialmente imaginei ser um golpe, mudou completamente a forma como eu enxergo o meu futuro profissional.

Eu era uma pessoa que nem sequer imaginava morar fora do Brasil, agora, acabei de assinar um novo contrato com outra empresa. Dessa vez, poderei trabalhar enquanto viajo o mundo todo. Com certeza, o nomadismo digital mudou a forma como eu me relaciono com o trabalho. Estou muito ansioso para conhecer novas culturas.

E para os que buscam esse estilo de vida, é necessário entender que para além dos benefícios dessa modalidade de trabalho, existem também muitos desafios e habilidades para desenvolver.

Eu comecei a minha jornada fora do Brasil em um país absurdamente diferente do nosso. A maioria da Malásia é muçulmana, budista ou hindu, a culinária é bem específica e o os malaios prezam bastante pelas tradições do país. Com certeza, foi uma vivência extremamente rica e positiva para mim, no entanto, é realmente necessário estar disposto a lidar com tantas diferenças ao mesmo tempo’’.

Para os que buscam viver essa experiência multinacional, é imprescindível ter soft skills bem desenvolvidas. Afinal, é preciso saber lidar com as inúmeras diferenças comportamentais e culturais, sem levar isso para o lado pessoal. É realmente necessário saber desconstruir a forma como enxergamos e nos relacionamos com o trabalho. Sobretudo, considerando que os demais funcionários possuem uma visão e ritmo completamente diferentes.

Em paralelo aos obstáculos de relacionamento interpessoal dentro das companhias, é também preciso saber lidar com os desafios de residir, ainda que temporariamente, em países com costumes e culturas completamente diferentes.

Atualmente, há cerca de 23 países que adotaram vistos específicos para os nômades digitais. Entre eles, Islândia, Tailândia, Emirados Árabes, Costa Rica, Grécia e Argentina. Recentemente, o Brasil também passou a integrar a lista.

Com certeza, nos próximos anos, poderemos observar ainda mais essa popularização dessa modalidade trabalho e estilo de vida.  Assim como foi para o Flávio, o nomadismo digital pode ser uma experiência bastante rica para as empresas e funcionários. Para isso, é necessário priorizarmos boas práticas de gestão e interação dentro das companhias, a fim de que todos se sintam mais acolhidos. E você tem vontade de fazer um intercâmbio profissional? Boa sorte!

Mais recentes no blog EDC Group

EDC explica

Equilíbrio entre Vida Profissional e Pessoal: Estratégias para Empresas e Colaboradores

Falar sobre equilíbrio entre vida profissional e pessoal deixou de ser um diferencial e virou uma necessidade estratégica. Colaboradores sobrecarregados tendem a adoecer mais, errar mais e se desligar mais rápido. Mas como criar um ambiente saudável sem perder o ritmo das entregas? Neste texto, mostramos estratégias que equilibram os interesses da empresa e do colaborador — de forma prática, eficiente e realista.

Promover o equilíbrio entre vida profissional e pessoal não é “pegar leve” ou abrir mão de resultados. É sobre criar uma gestão inteligente, que entende que colaboradores descansados entregam mais e com mais qualidade. Quando empresa e colaborador caminham juntos nesse objetivo, o resultado é um ambiente sustentável, produtivo e com menos rotatividade. O segredo está no planejamento e na confiança mútua.

Acessar notícia
Seta para a direita
EDC explica

Tendências em Gestão e Liderança para 2025: Preparando-se para o Futuro Corporativo

À medida que o mundo corporativo evolui, novas tendências em gestão e liderança emergem, redefinindo paradigmas tradicionais. Este artigo explora as principais tendências previstas para 2025 e oferece insights sobre como as empresas podem se preparar para essas mudanças.

  • Liderança Horizontal e Colaborativa: A hierarquia rígida dá lugar a estruturas mais flexíveis, promovendo decisões participativas e maior autonomia aos colaboradores.
  • Integração Tecnológica e Inteligência Artificial: A adoção de novas tecnologias e IA transforma processos, permitindo automação e personalização de experiências.
  • Foco no Bem-Estar e Saúde Mental: Empresas priorizam a saúde mental dos colaboradores, implementando programas de apoio e promovendo equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
  • Cultura de Aprendizado Contínuo: O incentivo ao desenvolvimento constante dos colaboradores torna-se essencial para a inovação e adaptação às mudanças do mercado.

As tendências em gestão e liderança para 2025 refletem a necessidade de adaptação e inovação nas empresas. Ao incorporar essas práticas, as organizações estarão mais preparadas para enfrentar os desafios futuros e promover um ambiente de trabalho mais dinâmico e saudável.

Acessar notícia
Seta para a direita
EDC explica

Nova Lei de Saúde Mental nas Empresas: O Que Você Precisa Saber

​A saúde mental no ambiente de trabalho tornou-se uma preocupação central no Brasil, especialmente diante do aumento significativo de transtornos psicológicos entre os trabalhadores. Em 2024, o país registrou 472 mil afastamentos por transtornos mentais, o maior número em uma década e um aumento de aproximadamente 67% em relação ao ano anterior . Além disso, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial de casos de síndrome de burnout, afetando cerca de 30% dos trabalhadores.

Em resposta a essa realidade alarmante, foi sancionada a Lei 14.831/2024, que institui o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental. Essa certificação, concedida pelo governo federal, reconhece empresas que implementam políticas eficazes de promoção da saúde mental e bem-estar de seus colaboradores.

Embora a obtenção do certificado seja opcional, a legislação sinaliza uma tendência crescente de valorização da saúde mental no ambiente corporativo. Empresas que negligenciam essa questão podem enfrentar desafios relacionados à produtividade, aumento do absenteísmo e dificuldades na retenção de talentos. Além disso, atualizações em normas regulamentadoras, como a NR-1, exigem que as companhias analisem a saúde mental dos funcionários e implementem medidas preventivas contra situações de assédio e violência no trabalho.

O não cumprimento dessas normativas pode resultar em sanções e prejudicar a saúde organizacional.​

Para se adequar às exigências e promover um ambiente de trabalho saudável, as empresas devem:​

  • Implementar Programas de Saúde Mental: Desenvolver iniciativas que ofereçam suporte psicológico, promovam a conscientização sobre saúde mental e capacitar lideranças para identificar e lidar com questões emocionais.​
  • Oferecer Recursos de Apoio: Disponibilizar acesso a serviços de apoio psicológico e psiquiátrico para os colaboradores, facilitando o tratamento e prevenção de transtornos mentais.​
  • Combater a Discriminação e o Assédio: Estabelecer políticas claras e eficazes para prevenir e lidar com casos de discriminação e assédio no ambiente de trabalho.​
  • Promover Transparência e Prestação de Contas: Divulgar regularmente as ações e políticas relacionadas à promoção da saúde mental, mantendo canais abertos para sugestões e avaliações dos colaboradores.​

Colaboradores também desempenham um papel crucial nesse processo. Eles podem cobrar de suas empresas a implementação dessas práticas por meio de diálogos com departamentos de Recursos Humanos, participação em comitês internos ou, se necessário, buscando orientação em órgãos de defesa dos trabalhadores.​

A implementação da Lei 14.831/2024 representa um avanço significativo na valorização da saúde mental no ambiente corporativo brasileiro. Empresas que adotarem práticas alinhadas às novas diretrizes não apenas estarão em conformidade com as tendências atuais, mas também promoverão um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo, beneficiando tanto a organização quanto seus colaboradores.


 

Acessar notícia
Seta para a direita

Usamos cookies para personalizar o conteúdo, acompanhar anúncios e oferecer uma experiência de navegação mais segura a você. Ao continuar navegando em nosso site você concorda com o uso dessas informações. Leia nossa Política de Privacidade e saiba mais.