Visão do CEO

Os brasileiros estão buscando outro emprego. Isso é ruim?

Por EDC Group | Publicado em 07/01/2025
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O mercado de trabalho está passando por uma transformação profunda e rápida. A tradicional trajetória profissional, marcada por longas permanências em uma única empresa, está se tornando cada vez mais ultrapassada. Em vez disso, estamos testemunhando uma mudança para carreiras mais dinâmicas e diversificadas, na qual a busca por experiências enriquecedoras, projetos motivadores e um equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal se torna cada vez mais importante.

Este novo paradigma exige que tanto empregadores quanto empregados se adaptem a um panorama no qual a flexibilidade e a inovação são essenciais. Da mesma forma, tal cenário impacta diretamente pesquisas e levantamentos sobre o mercado de trabalho, o que muitas vezes pode gerar uma análise rasa sobre alguns assuntos, como o turnover, taxa de rotatividade de funcionários em uma empresa, e o job hooping, prática de mudar de emprego com frequência, por exemplo.

Neste artigo, exploraremos mais detalhes dessa mudança de comportamento e como ela está impactando o mercado de trabalho, além de trazer como as empresas e seus departamentos de RH devem agir para se adaptar a essa nova tendência.

 

Desejo de mudança

De acordo com um levantamento do LinkedIn, realizado pelo Censuswide, consultoria em pesquisa de mercado internacional, 75% dos brasileiros desejam mudar de emprego em 2024, um aumento de 15 pontos percentuais em comparação ao ano de 2023. Ainda segundo a pesquisa, no Brasil, o principal motivo de mudança é a necessidade de salários mais altos (44%), seguido de um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal (29%) e a confiança em habilidades para novos desafios (21%).

O estudo levanta uma série de questões sobre o mercado de trabalho brasileiro, sendo uma delas o turnover, taxa de rotatividade dos trabalhadores em uma companhia. Alguns especialistas apontam para um cenário problemático, considerando uma possível série de prejuízos financeiros e de desempenho no âmbito corporativo.

É claro que uma alta taxa de turnover dentro de uma única organização é um fator preocupante e que deve ser acompanhado de perto. Além disso, o desejo por salários mais altos continua sendo uma motivação predominante, especialmente em um contexto econômico desafiador.

Porém, quando falamos de um cenário de mercado, em que temos diversos indivíduos buscando novas oportunidades de carreira, a análise deve ser mais aprofundada. Dessa forma, os dados do LinkedIn representam apenas um recorte, sendo parte de uma transformação mais complexa no comportamento e nas expectativas dos trabalhadores brasileiros.
 

Forma de se relacionar com o trabalho mudou

De acordo com informações do IBGE, em 2013, o tempo de permanência do brasileiro no seu emprego era de 3,1 anos. Já em janeiro de 2023, essa média não chegou a dois anos, segundo dados o Ministério do Trabalho. Outro levantamento da CareerBuilder, plataforma americana de recrutamento e seleção, revelou que os trabalhadores da Geração Z passam em média dois anos e três meses em uma função, enquanto o tempo médio da Geração Y é de 5 anos.

O conceito tradicional de carreira, em que um indivíduo permanecia na mesma empresa por décadas, evoluiu. Hoje, muitos trabalhadores buscam mais do que estabilidade e segurança; eles querem experiências enriquecedoras e projetos que os motivem. Um fenômeno que ilustra bem essa mudança é o job hopping, tendência de mudar de emprego com frequência, particularmente comum entre as gerações mais jovens, como os Millennials e a Geração Z.

Essa mudança de pensamento pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo o avanço da tecnologia, a globalização e a valorização do equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Os profissionais atuais, especialmente os mais jovens, veem a carreira como uma série de etapas repletas de aprendizado, desafios e crescimento pessoal. Eles preferem explorar diferentes setores e funções, enriquecendo suas trajetórias com uma diversidade de experiências. Essa abordagem possibilita a aquisição de habilidades variadas e valiosas.
 

Qual o papel das empresas e setores de RH?

Para se adaptarem a essa nova realidade do mercado de trabalho, as empresas e seus setores de recursos humanos precisam atualizar suas abordagens e práticas. Um RH antiquado pode olhar um currículo com muitas trocas de emprego como um sinal negativo, associando essa característica à falta de compromisso ou instabilidade. No entanto, essa visão está presa a uma lógica do passado, quando  uma carreira de sucesso era definida pela longevidade em uma única empresa.

O RH deve começar a valorizar a diversidade de experiências e a adaptabilidade dos candidatos. É claro que tudo depende do contexto e das razões para as mudanças, mas, ao invés de interpretá-las como falta de compromisso, os recrutadores podem considerar que as trocas refletem um profissional em busca de crescimento, novas oportunidades e desafios. A capacidade de se adaptar rapidamente a novos ambientes e trazer experiências variadas pode ser um grande trunfo para a empresa.

Além disso, é importante que os processos de recrutamento e seleção sejam atualizados para focar em competências e resultados, ao invés de apenas em históricos de permanência. Também é fundamental comunicar a marca empregadora de maneira estratégica e buscar talentos com melhor fit cultural possível.

Na hora de atrair e reter talentos, as empresas precisam oferecer mais do que apenas um salário competitivo. Isso inclui promover um ambiente de trabalho com uma cultura organizacional que possibilite oportunidades de desenvolvimento contínuo. Vale também investir em programas de bem-estar, rever pacotes de benefícios e criar uma comunicação aberta e transparente. 

A evolução do mercado de trabalho está reformulando a forma como nos relacionamos com nossas carreiras. As empresas que reconhecem e se adaptam a essas mudanças terão uma vantagem significativa na atração e retenção de talentos. Para os trabalhadores, o desafio e a oportunidade residem em aproveitar essa nova era para construir carreiras que promovam um senso de propósito e bem-estar. À medida que avançamos nesse cenário dinâmico, a capacidade de alinhar nossos objetivos pessoais com as demandas do mercado será crucial para alcançar satisfação e sucesso profissional duradouros.

 

Por Daniel Campos Neto, CEO e founder da EDC Group
Daniel Campos Neto é especialista em Recursos Humanos e presidente da EDC Group, multinacional brasileira com atuação na área de consultoria em RH e Gestão de Pessoas, recrutamento e seleção.

Sobre a EDC Group
A EDC Group é uma multinacional brasileira com atuação em toda a América Latina e EUA, na área de consultoria e outsourcing de serviços. Com mais de 14 anos de atuação no mercado, a empresa oferece serviços de outsourcing especializado, mão de obra temporária, hunting, BPO e projetos especiais, para as áreas de Engenharia, Manufatura, Logística, Agroindustrial, Telecomunicações, Serviços e Saúde, visando fornecer o profissional adequado a necessidade da empresa, proporcionando a cada colaborador a oportunidade de crescimento e desenvolvimento. Com sede em São Paulo (SP) e filiais em Indaiatuba (SP) e Troy Michigan (EUA), a EDC conta com mais de 300 colaboradores para atender clientes como Siemens, Mercedes-Benz, John Deere, AGCO, ZF, entre outros.
Saiba mais:  https://www.edcgroup.com.br

 

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Nova Lei de Saúde Mental nas Empresas: O Que Você Precisa Saber

​A saúde mental no ambiente de trabalho tornou-se uma preocupação central no Brasil, especialmente diante do aumento significativo de transtornos psicológicos entre os trabalhadores. Em 2024, o país registrou 472 mil afastamentos por transtornos mentais, o maior número em uma década e um aumento de aproximadamente 67% em relação ao ano anterior . Além disso, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial de casos de síndrome de burnout, afetando cerca de 30% dos trabalhadores.

Em resposta a essa realidade alarmante, foi sancionada a Lei 14.831/2024, que institui o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental. Essa certificação, concedida pelo governo federal, reconhece empresas que implementam políticas eficazes de promoção da saúde mental e bem-estar de seus colaboradores.

Embora a obtenção do certificado seja opcional, a legislação sinaliza uma tendência crescente de valorização da saúde mental no ambiente corporativo. Empresas que negligenciam essa questão podem enfrentar desafios relacionados à produtividade, aumento do absenteísmo e dificuldades na retenção de talentos. Além disso, atualizações em normas regulamentadoras, como a NR-1, exigem que as companhias analisem a saúde mental dos funcionários e implementem medidas preventivas contra situações de assédio e violência no trabalho.

O não cumprimento dessas normativas pode resultar em sanções e prejudicar a saúde organizacional.​

Para se adequar às exigências e promover um ambiente de trabalho saudável, as empresas devem:​

  • Implementar Programas de Saúde Mental: Desenvolver iniciativas que ofereçam suporte psicológico, promovam a conscientização sobre saúde mental e capacitar lideranças para identificar e lidar com questões emocionais.​
  • Oferecer Recursos de Apoio: Disponibilizar acesso a serviços de apoio psicológico e psiquiátrico para os colaboradores, facilitando o tratamento e prevenção de transtornos mentais.​
  • Combater a Discriminação e o Assédio: Estabelecer políticas claras e eficazes para prevenir e lidar com casos de discriminação e assédio no ambiente de trabalho.​
  • Promover Transparência e Prestação de Contas: Divulgar regularmente as ações e políticas relacionadas à promoção da saúde mental, mantendo canais abertos para sugestões e avaliações dos colaboradores.​

Colaboradores também desempenham um papel crucial nesse processo. Eles podem cobrar de suas empresas a implementação dessas práticas por meio de diálogos com departamentos de Recursos Humanos, participação em comitês internos ou, se necessário, buscando orientação em órgãos de defesa dos trabalhadores.​

A implementação da Lei 14.831/2024 representa um avanço significativo na valorização da saúde mental no ambiente corporativo brasileiro. Empresas que adotarem práticas alinhadas às novas diretrizes não apenas estarão em conformidade com as tendências atuais, mas também promoverão um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo, beneficiando tanto a organização quanto seus colaboradores.


 

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